Quem conta um conto, aumenta um ponto? Nem sempre. Por vezes, quem conta um conto, ensina a bem viver . Assim como o adocicado do comprimido ajuda a criança a tomar o remédio, a beleza de uma história — real ou fictícia — pode facilitar a aceitação de verdades difíceis de serem assimiladas. Em nossa época, mais que a insegurança ou as privações de ordem material, um outro mal assola multidões: o isolamento. Paradoxalmente, nunca os homens viveram tão cercados por seus semelhantes, e nunca cada qual se sentiu tão só, tão isolado. Por quê? Todo mundo procura alguém que o compreenda. Ter amigos é uma necessidade do ser humano. O instinto de sociabilidade, mais entranhado no homem do que o próprio instinto de conservação, procura esse apoio gerado em função de afinidades profundas por onde as pessoas se entendem e se querem bem. Algo em nosso interior pede esse convívio pleno de harmonia e de benquerença. Apetência que decorre, em última análise, de uma saudade e de uma esperança. Saudade