Sua Mãe, minha Mãe
Ir. Maria Angélica Iamasaki, EP
Quem me contou esta história
garantiu-me ser ela verídica. Diz tê-la lido em um jornal alemão sob o título
acima.
Era noite, todos dormiam na
apertada trincheira alemã, em plena Primeira Guerra Mundial. Todos, menos um
jovem soldado. Fora extremamente fatigante aquele dia, nada mais desejava ele
que descansar como os seus companheiros do batalhão, que caíram num pesado
sono. Contudo, uma preocupação o impedia de dormir.
Não o inquietavam os perigos de
um ataque noturno do inimigo, nem os riscos da batalha no dia seguinte, mas sim
o fato de ter perdido seu escapulário de Nossa Senhora do Carmo, dado por sua
mãe quando partia para a guerra.
Ele se lembrava bem que naquela
tarde, depois de passar por uma cidade abandonada pelas tropas inimigas, os
veículos do batalhão avançaram até uma antiga casa de fazenda localizada nas
proximidades, e ali acamparam. Atrás da casa havia uma torneira e um tanque de
água, oferecendo ótima oportunidade para lavar-se após um dia inteiro de
combates.
O jovem pendurou calmamente a
jaqueta ao lado da torneira, pôs em cima o escapulário e começou a ensaboar as
mãos quando... soou o alarme, estouraram tiros de morteiro, o batalhão recebeu
ordem de avançar e desalojar o inimigo entrincheirado três quilômetros adiante.
Mais uma hora de combate, e ei-lo ali, alojado na trincheira recém-conquistada.
Mas seu precioso escapulário tinha ficado junto ao tanque.
Ao chegar junto à trincheira,
deparou-se com uma cena espantosa: no exato lugar onde, poucos minutos atrás,
dormiam seus companheiros, havia apenas uma enorme cratera. Antes de abandonar
o local, o inimigo tinha armado ali uma bomba-relógio de grande poder
destrutivo. Do improvisado dormitório restavam apenas objetos irreconhecíveis,
lodo e rolos de arame farpado.
Era ali que ele, há pouco,
estivera deitado! Se não tivesse saído para procurar seu escapulário, também
ele teria sido destroçado. Nossa Senhora do Carmo lhe havia salvo a vida!
* * *
Na manhã seguinte, qual não foi
sua surpresa ao encontrar na cozinha do acampamento um companheiro de
trincheira.
— Eu pensei que você também
tivesse voado pelos ares!
O outro, não menos espantado de
vê-lo vivo, explicou:
— De fato, eu já tinha me
deitado, mas logo me levantei e fui procurar você. Enquanto andava pelo
acampamento à sua procura, ocorreu a explosão.
— Bem, eu escapei por um fio de
cabelo também. Mas... por que motivo você me procurava àquela hora da noite?
— Para entregar-lhe isto que
você esqueceu junto ao tanque de água ontem à tarde. Assim dizendo, devolveu ao
jovem soldado o escapulário recolhido por ele na velha casa de fazenda...
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