Apresentação de Maria no Templo

No dia 21 de novembro a Igreja celebra um dos mais significativos momentos da vida de Nossa Senhora: sua Apresentação no Templo, quando Ela contava apenas três anos de idade. Segundo a tradição, ali a menina permaneceria num contínuo exercício de união com Deus, até a hora de sair para cumprir a augusta missão a que fora predestinada: conceber e trazer ao mundo o Divino Redentor.
Extraímos um trecho do livro Mística Cidade de Deus no qual Sóror Maria de Ágreda, mística do século XVII, descreve alguns aspectos dessa apresentação.1
"Findo o prazo de três anos determinado pelo Senhor, saindo de Nazaré, Joaquim e Ana levavam consigo Maria Santíssima para ser apresentada no templo de Jerusalém. Seguiam sem acompanhamento de criaturas terrenas nen visível aparato, mas com brilhante e numeroso séquito de espíritos angélicos que tinham descido do céu para celebrar esta festa.
Chegaram ao templo e nele entraram fazendo uma devota e fervorosa oração ao Senhor: os pais oferecendo a Filha, e esta oferecendo-se a si mesma com profunda humildade, adoração e reverência.
Somente Ela conheceu como o Altíssimo a aceitava e recebia. De um divino resplendor, que encheu o templo, saiu uma voz que lhe dizia: “ vem, esposa minha, escolhida, vem ao meu templo onde quero que me louves e bendigas”.
Terminada a oração, levantaram-se e dirigiram-se ao sacerdote que os abençoou. Todos juntos levaram a Menina a um aposento onde se educavam as jovens – principalmente as primogênitas da tribo real de Judá e da sacerdotal de Levi – até chegarem à idade de contrair o matrimônio.
Subia-se a este aposento por uma escada de quinze degraus onde vieram os outros sacerdotes receber a bendita menina Maria. Aquele que a levava colocou-a no primeiro degrau. Ela lhe pediu licença e, voltando-se para seus pais Joaquim e Ana, pôs de joelhos, beijou-lhes as mãos, pediu-lhes a bênção e rogou-lhes que a encomendassem a Deus.
Os santos pais abençoaram-na com grande ternura e a menina subiu os quinze degraus com incomparável fervor e alegria, sem voltar-se para trás , sem chorar, sem tomar qualquer atitude pueril, nem demonstrar sentimento pela despedida de seus pais. A todos admirou vê-la com majestade e inteireza tão peregrina, em tão tenra idade. Os sacerdotes a receberam, levaram ao colégio das demais virgens, e o santo Simeão, sumo sacerdote, a entregou às mestras, uma das quais era Ana, a profetiza.
Esta santa matrona havia sido preparada com especial graça e luz do Altíssimo para se encarregar da filha de Joaquim e Ana. Por divina disposição mereceu, por sua santidade e virtude, ter por discípula aquela que seria Mãe de Deus e mestra de todas as criaturas.
Naquela escada, que a menina subiu, realizou-se com toda exatidão o que Jacó viu na sua (Gn 28,12): anjos que subiam e desciam; uns acompanhavam, outros vinham receber sua Rainha; no alto esperava-a Deus para aceitá-la por Filha e Esposa: e, em seus afetos amorosos, Ela sentiu que verdadeiramente aquela era a casa de Deus e porta do céu.
Voltaram Joaquim e Ana para Nazaré, desolados e empobrecidos, sem o rico tesouro de seu lar, mas o Altíssimo os confortou e consolou".
 AGREDA, Maria de. Mística Cidade de Deus. Mosteiro Portaceli. 2001.

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