O Primado de São Pedro

"Eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18)
No dia 22 de fevereiro a Igreja celebra a festa da Cátedra de Pedro. Apresentamos abaixo algumas considerações a respeito da posição de preeminência de Pedro sobre os demais Apóstolos.
No Novo Testamento, São Pedro é mencionado 114 vezes nos Evangelhos e 57 vezes nos Atos dos Apóstolos.
Fala em nome de todos os Apóstolos (Lc 12, 41, Mt 19, 27, Mc 10, 28, Lc 18, 28), responde por eles (Jo 6, 68, Mt 16, 16, Mc 8, 29) e age por todos (Mt 14, 28, Mc 8, 32, Mt 16, 22, Lc 22, 8, Jo 18, 10). Outras vezes os evangelistas referem-se aos Apóstolos dizendo “Pedro e os seus” (Mc 1, 36, Lc 8, 45; 9, 32, Mc 16, 7, At 2, 14. 37). Jesus o elege depois de fazer um grande milagre (Lc 5, 1-11); serve-Se de sua barca para pregar às multidões (Lc 5, 3); hospeda-Se em sua casa (Mc 1, 29); associa-o a Si no pagamento do tributo (Mt 17, 23-26); escolhe-o, com Tiago e João, para assistir à ressurreição da filha de Jairo (Mc 5, 37), à transfiguração (Mc 9, 2) e à agonia no Getsêmani (Mc 14, 33); é o primeiro a quem aparece ressuscitado (Lc 24, 34). É o único dos Doze que o anjo nomeia para ser-lhe comunicada a mensagem da Páscoa (Mc 16, 7). São João espera a chegada de São Pedro, para deixá-lo entrar primeiro no Sepulcro de Jesus (Jo 20, 2-8).
Depois da Ascensão e de Pentecostes, vemos São Pedro exercendo a autoridade máxima na Igreja. Completa o Colégio Apostólico com a eleição de São Matias (At 1, 5ss); fala em nome dos Apóstolos no dia de Pentecostes (At 2, 14ss); defende perante as autoridades judaicas o direito dos Apóstolos, de pregar a Fé em Cristo (At 4, 8-12); condena Ananias e Safira (At 5, 1-11); é inspirado a abrir as portas da Igreja também aos pagãos, com a conversão do centurião Cornélio (At 10, 47); preside o Concílio de Jerusalém (At 15, 6ss); toda a Igreja orava por sua libertação, quando foi encarcerado por ordem de Herodes (At 12, 5).
Por outro lado, São Paulo assinala de modo preeminente a importância de São Pedro como cabeça da Igreja. Depois de sua estada na Arábia, dirige-se a Jerusalém para vê-lo (Gal 1, 18); reconhece nele uma das colunas da Igreja (Gal 2, 9); coloca-o como o primeiro entre as testemunhas das aparições de Cristo ressuscitado (Cor 15, 5); e mesmo quando lhe resiste “em face” em Antioquia, age como quem reconhece sua autoridade e, portanto, confirma de algum modo seu primado (Gal 2, 11-14).
Ora, é em Mt 16, 18-19 que se baseia principalmente a doutrina sobre o Papado, realçando-se normalmente na interpretação destes versículos a tríplice metáfora usada por Nosso Senhor: São Pedro é fundamento da Igreja, pois é comparado com os alicerces que dão coesão e estabilidade a todo o edifício; seu poder de jurisdição está figurado nas chaves, as quais, na linguagem bíblica e profana, são símbolo do domínio; e, por último, a imagem de ligar e desligar simboliza a capacidade de criar ou abolir leis que obrigam em consciência.1

1 Cf Revista Arautos do Evangelho fev.2011

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