No princípio, Deus criou o céu e a terra
“No princípio, Deus
criou o céu e a terra. A terra estava deserta e vazia, as trevas cobriam o
abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas” (Gn 1, 2).
Dava-se início à obra dos seis dias,
firmada na Santidade do próprio Deus. Em seu infinito poder e sabedoria, criou
Deus todas as coisas tirando-as do nada e fazendo-as, de alguma forma,
semelhantes a Ele. Porém, possuem elas graus diferentíssimos, à medida que se
aproximam mais de seu próprio Criador, havendo na criação uma hierarquia.
Os minerais se
assemelham a Deus exclusivamente enquanto ser, portanto, enquanto existem. Não
há neles uma imagem de Deus, mas apenas um vestígio, à semelhança de alguém que
caminha sobre a neve e ali deixa pegadas.
Já as plantas e os animais se assemelham
a Deus pelo fato de possuírem vida. Contudo, esta vida presente nas plantas é
tão elementar, que carece de todo conhecimento; e tão imperfeita é nos animais,
que seu conhecimento é meramente sensitivo e não racional.
Vê-se, portanto, que tampouco há nos
animais e nas plantas a verdadeira imagem de Deus: possuem um vestígio um pouco
mais perfeito que os minerais.
Em determinado
momento da criação, Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança.
[...] à imagem de Deus o criou, homem e mulher os criou” (Gn 1, 26-27). Deste
modo, o homem, como ser inteligente, juntamente com os anjos, tem em seu ser
reflexos mais próximos da verdadeira imagem de Deus, se bem que a uma distância
infinita da Sabedoria incriada, que é o próprio Deus.
Comentários