Uma pequena obra, feita por amor

Uma pequena lenda, de que Santa Terezinha do Menino Jesus gostava muito, ilustra bem como ela via a sua corresponsabilidade na Igreja.
Li (contava a Ir. Teresa), que um grande senhor, querendo erigir uma igreja, publicou um édito pelo qual proibia os seus vassalos de darem a mais pequena esmola com essa intenção, porque só ele queria ter a glória dela. E assim se construiu a igreja.
Contudo, um dia, uma pobre velhinha, vendo os cavalos, que transportavam as pedras, a subir com custo a colina, disse consigo mesma: «E proibido dar dinheiro para ajudar a construir este templo a Deus, mas eu ficaria contente por contribuir para isso. E se eu ajudasse os animais que trabalham inconscientemente nesta grande obra, talvez Deus ficasse contente?» Com alguns tostões, os últimos que tinha, comprou um molho de feno e deu-o aos cavalos.
Quando a igreja foi concluida, o senhor quis celebrar a sua dedicação e, para esse efeito, mandou gravar numa pedra o seu nome e o da sua família, como testemunho imortal da sua liberalidade. Mas eis que, no dia seguinte, este nome estava apagado e lia-se no seu lugar o duma pobre mulher desconhecida.
O senhor, furioso, mandou gravar a inscrição várias vezes; mas repetia-se sempre o milagre. Por fim, mandou investigar e, tendo encontrado a humilde mulher, perguntou-lhe se não tinha dado alguma coisa para construir a igreja. Toda a tremer, pediu desculpa disso. Depois, pressionada pelas perguntas, lembrou-se do molho de feno e disse que, conforme a proibição, não tinha dado dinheiro, mas somente ajudado os cavalos, dando-lhes a comer um pouco de feno. Compreendeu-se então porque o seu nome estava inscrito e ninguém mais o ousou apagar.

Assim, concluiu Teresa, vê-se claramente que a mais pequena obra, a mais escondida, feita por amor, tem muitas vezes mais valor que as grandes obras. Não é o valor nem mesmo a santidade aparente das acções que conta, mas somente o amor com que se fazem, e ninguém poderá dizer que não pode dar a Deus estas pequenas coisas, porque estão ao alcance de todos  (CRG 64).
Santa Teresa de Liseux - Pensamentos - Edições Carmelo

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