Frei Junípero, um dos primeiros discípulos e companheiros de São Francisco de Assis, não conseguia manter-se em silêncio quando era repreendido ou quando alguém lhe fazia uma observação desagradável. Para se corrigir desse defeito, fez o propósito de, durante seis meses, não dar réplica nem mesmo às mais pesadas injúrias que lhe fossem eventualmente feitas. Essa luta contra si mesmo lhe custou grandes sacrifícios. Certa vez, ao ser insultado de forma brutal, ele fez um tal esforço para se conter que sentiu subir-lhe aos lábios uma golfada de sangue que jorrava de seu peito. Nesse dia, muito aflito, o bom frade entrou numa igreja, prostrou-se diante de um crucifixo e exclamou: — Vede, meu Senhor, o que suporto por amor a Vós! Então, cheio de temor e encanto, viu o divino Crucificado despregar do madeiro a mão direita e colocá-la sobre a chaga aberta pela lança do centurião, ao mesmo tempo que lhe dizia: — E Eu, o que suporto por amor a ti? Profundamente emocionado, Juníper